Um filme
importante por vários motivos: relembra a 2ª guerra mundial e as atrocidades
que eram feitas por todo um país em nome da "supremacia da raça";
relembra a facilidade com se subjugam as massas a lideres com ideias de
divisões e de violência; relembra, também, que isto se passou no século passado
e que não estamos ao abrigo de rever algo do género no mundo e na nossa bela
Europa.
Ainda hoje não
percebo como foi possível, aqui, na terra onde vivemos, haver 6 milhões de
pessoas exterminadas em nome da religião, das preferências sexuais, das
deficiências, das etnias...
Uma nódoa negra
que marca a nossa bela Humanidade.
E depois... o
agora. Tivemos eleições do outro lado do atlântico e algo correu mal! Correu
mal, sobretudo, porque o eleitorado preferiu entregar-se a um demagogo,
fanático, misógino e racista, ao invés de se entregar a uma mulher que fez
política toda a sua vida. Pode ter tido algumas más decisões, mas preferir
Trump é algo de estranho. Algo está mal no coração da América, este coração que
não aparece nas músicas e nas festas que tanto adoramos. Este momento é de
grande gravidade. Estamos a assistir a mudanças drásticas em relação às
liberdades e à dignidade do ser humano, das mulheres e nada podemos fazer.
Estes ditadores são eleitos democraticamente... Filmes como este mostram-nos a
dimensão da loucura humana quando se foca apenas no ego e no poder.
Precisamos de nos
libertar da vontade de julgar, maltratar e de rebaixar o próximo em nome do
"nosso" bem-estar...
Oskar Schindler, de facto existiu. Foi um industrial oportunista que salvou os judeus que trabalhavam para ele. Começou por ser apenas para fins lucrativos e depois tornou-se uma questão de moral e de vidas. Oskar Schindler salvou os seus trabalhadores e tentou salvar mais, mas, não conseguiu...
King Crimson fizeram parte da minha adolescência e ainda são um dos meus grupos favoritos. O meu irmão, na altura, fez-me entrar, como se de uma bofetada se tratasse, no mundo deles. Algumas músicas eram e são tocadas para alegrar os anjos e outras para fazer feliz Hadés. Um contraste de notas e de cores que nos fazem voar. Os King Crimson são a perfeição no que toca a sentir e viver.
Adoro!
Criaram um mundo à parte em relação aos outros grupos.
Escolhi a imagem do 1º álbum "In The Court Of The Crimson King" por ser a mais emblemática e por ser um disco/LP (agora CD) simplesmente incrível!
Deles gosto de tudo: das melodias; das guitarras a chiar, do ritmo; das vozes...
Bem vindo ao mundo dos King Crimson!
"Starless" é simplesmente enorme!
Léo Ferré foi um grande poeta e artista francês. Lembro-me de me esconder e de ter medo dele quando ele aparecia na televisão quando era pequena. Ele aparecia sempre de forma austera e com uma força incrível. Ao longo do tempo aprendi a amar a sua música e sobretudo os seus textos.
"Avec le temps", "Les Anarchistes", "C´est extra", e mais e mais, são músicas inolvidáveis.
Les Anarchistes
Um homem livre que presava a liberdade de pensar e de ser.
Sem Deus e sem Mestre era o seu lema.
Uma ode ao seu Macaco Pepée. Até se sente a dor. Uma música difícil. Sempre que a ouço sinto um nó na garganta.
Uma das mais belas letras dele.
"Avec le temps" é uma canção de uma profundeza e uma realidade brutal. Uma das melhores canções jamais escritas. Foi mil vezes cantada por outros artistas. Escolhi a Patricia Kaas para a repetir aqui porque a voz dela é algo de intocável e ela canta esta música como ela deve ser cantada, depois de Ferré claro.
E sobretudo porque me apetece!
Adoro este filme. Já o vi vezes sem conta. Alice é uma deliciosa fábula sobre a crise de identidade, crise de valores, decepções, que ela, Alice passa num dado momento da sua vida. E sobre as escolhas que ela faz. Além da cenas caricatas que nos fazem rir, este filme tem um significado muito profundo.
Pode acontecer a todos nós.
Ela tem tudo e mesmo assim falta-lhe alguma coisa...
O final ao meu ver é perfeito!
Vale a pena ver e rever...
A opção 3 é a mais segura. Bom filme, dublado...
De todas as estupidezes que os filisteus de letras
subjugavam aos seus leitores, está aqui, penso, a mais formidável: “ As
mulheres são incapazes de amizades. Jamais ouve um Davi e Jonatas entre as
mulheres.”
Ser-me-há permitido insinuar que a afecção de Davi para
Jonatas me pareceu mais passional que fraternal? Tenho como prova a oração
fúnebre do jovem conquistador:
Fazias todo o meu prazer.
O teu amor para mim era admirável,
Em cima do amor das mulheres.
Não creio que sejam lágrimas puras de amizade penosa.
Reconheço mais lágrimas de sangue de um ardor viúvo.
O quanto é mais desinteressada a magnífica ternura de Ruth a
Moabite por Noami! Nenhum lânguido carnal podia se desenvolver na amizade das
duas mulheres. Naomi já não era jovem. Ela fala dela própria: "Já sou velha para
me casar de novo".
Não conheço nada de mais belo, de mais simples e de mais
empolgante que esta passagem:
"Naomi diz à Ruth: Veja, sua cunhada está voltando para o seu povo e para
o seu Deus. Volte com ela!"
Ruth, porém, respondeu: “Não insistas comigo que te deixe
que não mais te acompanhe. Aonde fores irei, onde ficares ficarei! O teu povo
será o meu povo e o teu Deus será o meu Deus! Onde morreres morrerei, e ali
serei sepultada. Que o Senhor me castigue com todo o rigor se outra coisa que
não a morte me separar de ti!"
Como a mais bela música, as palavras deixam-vos sem fôlego
frente ao infinito.
Na oferta resignada de Naomi, que o todo-poderoso traz de
mãos a abanar no seu país natal, Ruth a Moabita respondeu com esta frase de uma
implorante humildade: “Não insistas comigo que te deixe que não mais te
acompanhe”, que prepara, assim que um prelúdio sussurrando, a amplitude de
orgulho da estrofe incomparável: “Onde ficares ficarei…”
Jamais nenhum choro de amor iguala este fervor e esta
abnegação. O poema da amizade ultrapassa o poema do amor. É o albe desenlace, a
branca paixão. E esta ternura se estende até a morte: “Onde morreres morrerei,
e ali serei sepultada.”
Naomi, cujo significado do nome é beleza, doçura, seja
louvada pela amizade que inspiras à tua filha, e que celebraram assim as
virgens de Israel: “… A tua nora que te ama…ela que vale mais para ti que sete filhos…”
Na verdade, O Livro de Ruth é a apoteose da amizade magnânima. A amizade, fusão pura das almas, neve derretida na neve… A amizade,
choro de citaras e perfumes de violetas…
Acreditem em mi, ó Naomis e Ruths do futuro, o que à de
melhor e mais bonito no amor, é a amizade.
Excerto retirado do livro de Renée Vivien: "La Dame à la Louve (1904)"
A Amizade Feminina de Renée Vivien é inspirada no Livro de Ruth do Antigo Testamento da Bíblia.
Durante a minha adolescência converti-me ao rock e punk até descobrir sons e melodias de músicos sem pares.
Miles Davis caiu nos meus braços quando estava nas compras num supermercado qualquer em França. E não foi um qualquer disco de Miles Davis foi "Kind of Blue".
Depois a descoberta se intensificou, e a devoção também, com "Tutu", "Bitches Brew", "Decoy" e as bandas sonora de grandes filmes.
Sempre à frente do seu tempo, conseguiu criar sons clássicos e modernos também.
Um filme sobre o
inconformismo, sobre a vontade de viver e de ser feliz independentemente de tudo.
Retrata
um amor impossível durante a segunda guerra mundial.
Um filme baseado no livro de Erica Fisher sobre factos reais.
Um pequeno excerto do livro:
A letter from Lilly to Felice, March 31st,
1943
- " Felice, I love you! What a feeling it is to
be able to say that! Oh, Felice, the nicest fate I could hope for is that of
lasting happiness. I want to live with you for a long, a very long time, do you
hear? And life is so beautiful, so wonderful. Felice, do you belong to me -
without limit? To me only? Please say you do, at least for a very long time to
come, please! Do you love me? I'm acting like a seventeen-year-old, arent't I?
Be good to me, Felice, please? And yet
please don't hold back. I wanted to lure you out of your hiding place. I am
like a child playing with fire; will I get burned? A little? Totally? Felice,
stop me! Isn't it just a little bit your fault that I'm so crazy, so totally
crazy?"
Com subtítulos em Francês. 3 partes. Podem traduzir os subtítulos em alemão para inglês. Basta aceder aos CC e traduzir automaticamente. You can translate the german subtitles in english. Go to CC and automatically translate in english.
Sei que é fácil gostar de Sarah Vaughan e quem não gosta não tem nada entre as orelhas. Neste preciso momento estou a ouvir "Misty" e todo o meu ser vacila.
A minha ligação com o Jazz vem, além do meu irmão, de uma rádio em França que se chama F.I.P. A selecção das músicas era tão vasta que passava da música clássica ao jazz passando pelas músicas do mundo. Quando aparecia Sarah Vaughan eu parava tudo para a ouvir,
Sei que somos todos diferentes, mas, se posso ajudar com esta mensagem a melhorar os vossos conhecimentos musicais então fico (muito) satisfeita.
- "A voz de Vaughan
caracterizava-se por sua tonalidade grave, por sua enorme versatilidade e por
seu controle do vibrato. Sarah Vaughan foi uma das primeiras vocalistas a
incorporar o fraseio do bebop" Wikipédia
Misty
Vou deixar-vos aqui com uma das melhores vozes femininas do Jazz.
Paris is Burning é um documentário feito por uma jovem (na altura) cineasta que filmou a comunidade "gay", "drag-queen" e transexual, afro-americana e latina de Nova-York.
Está bem patente a falta de oportunidade que esta comunidade tinha, no entanto, retrata como, mesmo rejeitada, consegue organizar-se e, por pouco tempo, sonhar que agarra o mundo. Da vontade de sair da rua nasce a "Ball Culture" que para muitos era como uma família. Cada concorrente pertencia à uma casa e ficava com o apelido desta casa. Foi também aqui que nasceu o "Voguing", dança celebrizada por Madonna no seu clipe "Vogue".
Ainda hoje, na noite, em algumas cidades, continuam estes encontros de dança.
Muitos d@s protagonistas morreram de Sida, a doença era fatal na época. No entanto, quero relembrar Venus Xtravaganza que foi assassinada num quarto de hotel. O seu sonho era ser mulher, ter uma família e casar.
Ontem, dia da visibilidade transexual, é para ela a minha mensagem e para tod@s que, como ela, perderam a vida ao tentarem ser felizes.
Venci o concurso com esta história. Os links estão no fim da mensagem
Já lá vão muitos anos, mas não há dia nenhum em que não me lembro dela...
Ela Chamava-se N
"Abracei-a anos atrás e
ela ficou em mim.
Nesse dia chovia,
estávamos em novembro. Lembro-me bem porque era o dia de aniversário do meu
pai. Por muito que eu tentasse evitar a atracão e a curiosidade, não havia como
ficar em casa, era mais forte do que eu, algo chamava-me de forma tão
incontrolada que dei um beijo ao meu pai e saí, a festa ficava para depois,
pelo menos para mim. Este chamamento era de tal forma inebriante que me fazia
lembrar o canto das sereias na viagem de Ulisses: intenso e perigoso. Estava
desamparada, mas só me apetecia estar com ela. A pele dela reluzia como se o
sol pertencesse à noite.
Entrei no carro com uma prenda, não a do meu pai não,
a prenda que lhe tinha comprado às escondidas de todos. Sabia que ela estava à
espera de mim, via-o nos seus olhos que apareciam na minha memória. O que
poderia ela querer? Não podia ir de mãos a abanar. Tal mulher é algo
que se tem e que se quer ter. Entrei na noite em direção à casa dos seus pais.
Eles não estavam e eu, sem rei nem roque voava como o pássaro da noite. Se o
vento fosse forte o suficiente levava -me de tão vazia que eu estava. Corpo
frágil, esquecido.
Cheguei tarde e ela estava expectante, deslumbrante como
sempre. Não sabia como a encarar, tudo fazia sentido e nada fazia sentido.
Aproximei-me e dei-lhe um beijo na face, não me tinha apercebido da penumbra
desenhada nos recantos da casa. Do nada ela agarra-me e abraça-me com uma força
que quase me estrangulava, sussurrando-me ao ouvido - "Este abraço é o
abraço que faz mais sentido na minha vida!”.
Se ela soubesse que esse abraço me
fazia morrer um pouco e desejar morrer nos seus braços para sempre. Morte? Não
a total claro, aquela que nos dá vida só de sentir a pele contra a nossa pele.
Senti-a como nunca tinha sentido alguém, congelei, queimei, transformei-me em
cinzas, Fénix e renasci com o beijo que ela posou na minha boca ofegante e
oferecida. Não houve tempo que passasse e passou sobre este momento de pura
magia. Até hoje me lembro. É a chama que aquece a minha vida. Amei-a, ainda a
amo. Já lá vão 10 anos."
São poucas as vezes em que se descobre jovens com uma personalidade tão integra e tão envolvente como esta jovem. Pois, o conhecimento, segundo que se diz e o que ouvi muitas vezes, é sobretudo um derivado da experiência de vida. Ora, como explicar jovens com pouco mais de 25 anos serem tão completos em termos de estrutura.
Christine and the Queens: Heloïse Letissier, sofreu um desgosto com pouco mais de 20 anos e foi para Londres se recompor. Viveu no meio de "Drag-Queens" e voltou para França para criar uma banda com essas "Queens".
Ela fechou-se no quarto e criou. Criou uma amostra da sua vida, das suas convicções, que verdade sejam ditas, são tão maduras que não se coadunam com a sua idade. Isso leva-me a pensar sobre ela e sobre a sua educação. Pensar sobre o legado que deixamos, nos a geração anterior - sobre o quanto o nosso trabalho foi frutifico. Se preparou jovens, como ela, a serem livres então devemos sentir orgulho nisso. Orgulhosos devem ser também os seus pais, porque foram eles que a fizeram e fizeram-na tão bem!
Toda essa riqueza vem de algum lado e não pode ser só da sua experiência.
Terminantemente ela mistura os géneros e lança a confusão!
IT fala de metamorfose e de liberdade. Da sociedade terminantemente machista. Ela agora é um ele com toda a potência que lhe confere. Ela sofreu uma descriminação por ser mulher quando estava a estudar teatro.
Tem uma voz peculiar, interessante, empolgante. É pequena e desafia os padrões de beleza - é bonita mas muito à maneira dela (e isso é tão bom). Hoje, é quase preciso ser modelo ou ficar meia-nua para vingar no meio artístico (pelo menos é o que parece). Ela é a lufadas de ar fresco no meio da superficialidade. É uma artistas de grande calibre que como por magia enche a vida de muitas pessoas. Sei que ela não é portuguesa e que temos tantas boas artistas, mas não consigo ser-lhe indiferente. Temos uma Capicua que é feminista; promove a liberdade e é política à sua maneira, mas, precisamos de alguém como a Christine, alguém de "perfeitamente desajustada" ou "imperfeitamente ajustada". Ela anda em todo o lado em França: na televisão, nos jornais e ganha todos os prémios.
O vídeo que me fez descobri-la. Conta como ela deu a volta depois da dor.
O mais incrível é que ela foi ao Estados Unidos e conheceu Hillary Clinton. Madona adora o seu trabalho - aliás numa das suas aparições, ela replicou o final do vídeo de Saint-Claude que a Christine criou.
Sobre a solidão das grandes cidades.
E no meio de toda esta mistura ela junta-se a muitos artistas. O mais comovente foi o seu trabalho com Perfume Genius - Jonhatan. Perfume Genius é um jovem que foi obrigado a sair da sua cidade natal por ser vítima de violência por causa da sua orientação sexual.
Os temas sobre esta temática são muitos, além dos muitos que explicam a sua experiência como mulher.
E como sou otimista e como o sonho comanda a vida, ficam as minhas pergunta no ar:
-"Onde está a nossa Christine and the Queens?"
-"Estamos preparados para ela?"