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quarta-feira, 30 de março de 2016

Audrey Love - Ela Chamava-se N - História - D´oodles Valentine - A Colorful Love Story - História

Venci o concurso com esta história. Os links estão no fim da mensagem

Já lá vão muitos anos, mas não há dia nenhum em que não me lembro dela...



Ela Chamava-se N 


"Abracei-a anos atrás e ela ficou em mim.


Nesse dia chovia, estávamos em novembro. Lembro-me bem porque era o dia de aniversário do meu pai. Por muito que eu tentasse evitar a atracão e a curiosidade, não havia como ficar em casa, era mais forte do que eu, algo chamava-me de forma tão incontrolada que dei um beijo ao meu pai e saí, a festa ficava para depois, pelo menos para mim. Este chamamento era de tal forma inebriante que me fazia lembrar o canto das sereias na viagem de Ulisses: intenso e perigoso. Estava desamparada, mas só me apetecia estar com ela. A pele dela reluzia como se o sol pertencesse à noite.
Entrei no carro com uma prenda, não a do meu pai não, a prenda que lhe tinha comprado às escondidas de todos. Sabia que ela estava à espera de mim, via-o nos seus olhos que apareciam na minha memória. O que poderia ela querer? Não podia ir de mãos a abanar. Tal mulher é algo que se tem e que se quer ter. Entrei na noite em direção à casa dos seus pais. Eles não estavam e eu, sem rei nem roque voava como o pássaro da noite. Se o vento fosse forte o suficiente levava -me de tão vazia que eu estava. Corpo frágil, esquecido. 
Cheguei tarde e ela estava expectante, deslumbrante como sempre. Não sabia como a encarar, tudo fazia sentido e nada fazia sentido. Aproximei-me e dei-lhe um beijo na face, não me tinha apercebido da penumbra desenhada nos recantos da casa. Do nada ela agarra-me e abraça-me com uma força que quase me estrangulava, sussurrando-me ao ouvido - "Este abraço é o abraço que faz mais sentido na minha vida!”. 
Se ela soubesse que esse abraço me fazia morrer um pouco e desejar morrer nos seus braços para sempre. Morte? Não a total claro, aquela que nos dá vida só de sentir a pele contra a nossa pele. Senti-a como nunca tinha sentido alguém, congelei, queimei, transformei-me em cinzas, Fénix e renasci com o beijo que ela posou na minha boca ofegante e oferecida. Não houve tempo que passasse e passou sobre este momento de pura magia. Até hoje me lembro. É a chama que aquece a minha vida. Amei-a, ainda a amo. Já lá vão 10 anos."

Audrey Love 2016 (ASC)




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