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sábado, 8 de outubro de 2022

Blonde - Marilyn Monroe - Filme

 


Vi "Blonde" e fiquei chocada com o que vi. Não gostei nada. Como é possível fazer-se um filme sobre um símbolo de uma geração, de um século e este filme ser tão desrespeitoso em relação a ele. O argumento, baseado no livro de Joyce Carol Oates, é segundo o que li, uma obra ficcionada da vida de Marylin Monroe. 

Devo dizer que quando o filme saiu estava radiante com a possibilidade de ver uma obra sobre ela. Estava expectante e feliz com o facto do Nick Cave ter feito a banda sonora. A produtora é a produtora do filme "Moonlight" que adorei e de outros grandes filmes. Tudo indicava que iria ser um filme que me iria agradar. Os rumores, as tentativas de entender a vida de Marilyn envolta em mistérios, poderiam fazer parte do argumento e esclarecer finalmente as dúvidas ao seu respeito. Do que se sabe é que ela teve problemas durante toda a vida, problemas que acabam por aproximá-la de nós porque apesar de ser um ícone, ela também era humana. Muito se escreveu sobre o que aconteceu, criou-se à sua volta um enigma que nos faz adorá-la ainda mais. Marilyn Monroe é uma mulher idolatrada, mesmo em 2022

O filme demorou 12 anos a ser produzido e Andrew Dominik foi o realizador escolhido. Vale a ficção do livro como génese do filme, mas, valerá uma ficção libertária com base na vida de Marilyn Monroe como argumento de um filme com o seu nome? Perceber que o filme chocou meio mundo e defendê-lo dizendo que "no fundo" o que está no filme não é bem o que se passou? Até poderia passar, o argumento divagar, inventar acontecimentos, criar cenas de extrema loucura, mas, desde que o autor deste filme não o fizesse em nome de Marilyn Monroe. É uma versão irrealista onde se confunde a insanidade do realizador, que é o argumentista, com a luta de Marilyn em afugentar os seus demónios e sobretudo a nossa subjugação a cenas insuportáveis. Ele maltrata a Marilyn e maltrata-nos a todos e todas que amam a atriz - uma celebridade intemporal. É um filme vergonhoso, misógino, humilhante, desumano, impiedoso, deplorável - de um baixo nível gritante. Podem ter a certeza que as palavras que me apeteciam escrever são bem mais gráficas do que "baixo nível". O que o filme faz é tentar banalizar e pisar a memória de uma diva que não está entre nós para se defender. Um ataque à integridade do seu nome

Penso que poderia ser um bom filme se houvesse uma abordagem diferente do realizador e se não houvesse algumas cenas irreais e insanas. 

Posso começar com o que gostei, que foi muito pouco: a atuação da Ana de Armas que é espantosa, a cinematografia que também é ótima com a mudança de cor e a cena em que o Joe DiMaggio fica enfurecido e sobe as escadas. Foi um sofrimento ver o filme até ao fim.

O início do filme parecia ter algum conteúdo com a relação com a mãe, que tem problemas psiquiátricos que resultariam no seu internamento e subsequentemente na ida para o orfanato que é muito comovente e sente-se o desespero da pequena Norma Jean Baker. Agora, toda a mística que envolve o pai ausente que dura todo o filme é demasiado, mesmo se, pode ter alguma verdade, é repetido e repetido, tanto na sua imaginação como nas suas relações amorosas. É penoso ver este enfoque que só dá a Marilyn, no filme, a perceção de viver toda a vida na sombra de um pai ausente. Ela tentou falar com ele varias vezes, é verdade, mas, no filme, acaba por ser insuportável ver a realidade embutida nas alucinações. Apesar de tudo, ela conseguiu superar e chegar ao início do filme parecia ter algum conteúdo com a relação com a mãe, que tinha problemas psiquiátricos que resultariam no seu internamento e subsequentemente na ida para o orfanato que é muito comovente e sente-se o desespero da pequena Norma Jean Baker. Agora, toda a mística que envolve o pai ausente que dura todo o filme é demasiado, mesmo se, pode ter alguma verdade, é repetido e repetido, tanto na sua imaginação como nas suas relações amorosas. É penoso ver este enfoque que só dá a Marilyn, no filme, a perceção de viver toda a vida na sombra de um pai ausente. Ela tentou falar com ele varias vezes, é verdade, mas, no filme, acaba por ser insuportável ver a realidade embutida nas alucinações. Apesar de tudo, ela conseguiu superar e chegar ao topo

A liberdade com que Dominik trata da "alegada" violação de Marilyn pelo Darryl F. Zanuck, (antes de entrar no filme "All About Eve", que recomendo e está no meu blogue), é de uma leveza estonteante e de mau gosto. Ele baixa as cuecas, ela continua a recitar o guião e ele viola-a e assistimo-nos impávidos e serenos a este acontecimento, a este "fait-divers" que por fim acaba com ela a chorar - único momento em que ela é tratada com humanidade pelo realizador. Ela relatou que foi vítima de abusos sexuais ainda jovem e casou-se com 16 anos para fugir, justamente, à instabilidade da vida que ela teve nos orfanatos e fora deles. Ela sofreu muito e mesmo assim conseguiu emergir e dominar um mundo feito pelos homens

Devo dizer que não percebi nada sobre o relacionamento a três entre Marilyn, Charles Chaplin Jr. e Edward G. Robinson Jr. O triângulo amoroso é uma grande parte do filme, que não deve ter acontecido, sendo uma invenção do realizador, e é, a meu ver, muito pouco interessante. Ele acaba por realçar uma abertura de espírito e liberdade em relação à sua vida sexual que a coloca muito à frente do seu tempo, mesmo assim, reduz Marilyn ao seu simbolismo e ao sexo. Nem a música de Nick Cave salva a história deste trio debaixo das estrelas

O caso dos abortos é outro tema completamente irreal. Marilyn Monroe é a única mulher que, com poucos meses de gravidez, tem o bebé dos "Massive Attack" na barriga. Foi chocante ver como ele os retratou propagando uma imagem cruel e insensível, dando uma forma real aos bebés que ela aborta. A cena em que ela pensa que ela fez bem quando está a ser ovacionada devido a um filme é de uma maldade sem precedente. Como foi ele capaz de pôr esses pensamentos na cabeça dela?  Houve realmente muitos abortos na vida de Marilyn, ela sofria de endometriose, perdeu muitos de forma espontânea e teve uma gravidez ectópica. Com a idade e os seus casamentos, quando finalmente sentiu-se bem com a sua vida, ela queria ter uma família, mas não conseguiu. A abordagem do realizador foi horrível e chocante, uma "mise-en-scène" trágica - a fala, o sangue desmesurado, a culpabilização… (se ela foi obrigada no primeiro, qual é a culpa dela?)

Marilyn Monroe era considerada uma "sex symbol" na época, mas, a abordagem da cena da saia que levanta com o vento em "O pecado mora ao lado" é de uma agonia. É demasiada lenta, os homens que lá estão têm os lábios e as línguas ao ‘ralenti’ de uma forma obscena, e mais uma vez reduz Marilyn ao seu símbolo. É despropositada, passamos a ver a cueca de todas as formas e feitios. Uma cena sem interesse. É verdade que Marilyn soube dominar o mundo graças à sua beleza, mas também à sua vulnerabilidade. Os papeis que lhe davam no cinema aproveitavam-se do seu aspeto. A cena original de 1955 é muito melhor.

O abuso de substâncias por parte de Marilyn é muito focado no filme, e foi a causa da sua morte. No decorrer destes anos perdemos muitos artistas devido aos abusos de substâncias, alguns até, derivados de problemas de saúde mental. É algo que infelizmente é recorrente e seria preciso chamar à atenção para esse problema. No filme, ela é um pouco tratada como uma louca, não existe nenhuma compaixão por ela, o uso das drogas é mais focado para enfatizar a sua "demência" do que a sua incapacidade em resolver os seus problemas. Ela estava em agonia, poucos percebem isso, e ele passou a imagem de uma estrela fria, cheia de raiva, insensível e mandona

O "blowjob" que ela faz presidente John Fitzgerald Kennedy? Bem, o que dizer sobre esta cena? - Escusada! O que está patente no filme é que ela era usada sexualmente pelo presidente, ou seja, ela obedecia ao JFK. Aparentemente, também, foi obrigada a fazer o sexo oral e foi violada por ele. Andrew Dominik, que é o realizador, sabia o que Marilyn pensava quando ela estava com a "coisa" do presidente na boca e ela tinha medo do que ele podia pensar acerca do seu desempenho. Não era ela a mulher mais desejada do mundo, na época? Detestei esta cena. Claro que a Marilyn teve sexo, todos nos temos, sabemos como é, mas, passar a imagem de uma mulher submissa e carente foi horrível. O realizador acabou por usá-la contra a sua vontade. Marilyn é mais do que isso, confesso que ela já não estava na minha imaginação e fiquei a assistir à atriz a fazer sexo oral como se se tratasse de um filme pornográfico. Era o fim da minha paciência.

Houve coisas boas é verdade, sobretudo os excertos dos filme de Marilyn com ela. Foi do melhor que houve no filme.

O relato de Dominik foi deselegante, usou o nome de Marilyn Monroe para fazer um filme no qual ele objetivou-a como uma mulher que não tinha nada de interessante a não ser o seu corpo, a suas obsessões e a sua dependência. Ele abusou dela como todos os homens que ele relatou no filme. 

Marilyn Monroe lutou muito para melhorar a sua vida e colocar um fim a tudo o que envolveu a sua infância. Ela começou a posar para ganhar dinheiro e pagar umas contas. O cinema abriu-se-se timidamente para ela, e aos poucos, a sua deslumbrante cabeleira começa a ser notada nos excertos onde ela aparece. Acaba por ser um ícone, um símbolo sexual e a atriz mais cobiçada da sua geração. Aproveitou-se da fama, do sucesso, mesmo se, algumas vezes, era demais para ela. 

O mistério continua, o seu nome ainda suscita um grande interesse, de tal forma que são feitos filmes e documentários, bons ou maus, que mantêm viva a sua chama. Não gostei de "Blonde"e fico à espera do próximo e claro que vou continuar a partilhar os seus filmes no meu blogue.


Love You, Marilyn!



Deixo algumas dos comentários de Andrew Dominik sobre Marilyn Monroe.

https://en.wikipedia.org/wiki/Blonde_(2022_film)

https://www.joblo.com/blonde-director-in-hot-water-over-marilyn-monroe-quotes/

https://www.purebreak.com.br/noticias/-blonde-diretor-faz-declaracoes-machistas-sobre-marilyn-monroe/110610

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