De Tod Browning
Todo o filme, dito de terror, é chocante. Foi de tal forma impactante, na altura da sua estreia, que foi censurado e retiraram-lhe 30 minutos da sua primeira versão. Houve muitas críticas negativas e algumas positivas, mas, o realizador teve poucos apoios a seguir para fazer outros filmes. O elenco era demasiado diferente, pouco conhecido e o filme foi um fracasso de bilheteira.
As estrelas do filme são pessoas com diferentes deficiências filmadas nas realidades nuas e cruas das suas vivências. A atmosfera do filme é pesada - sentimos um constrangimento, uma revolta ao vermos estes "monstros", "aberrações", serem tratados como lixo. Os planos são perturbadores. Eles não tinham lugar na sociedade, só tinham o circo para se sustentarem e no circo eram mostrados como "monstros" e sobreviviam assim nesta "micro-sociedade". Mesmo assim, apesar das diferenças e dos sofrimentos eles são estrelas de circo, capazes de ganharem dinheiro e de serem idolatrados. O realizador no filme enfatiza a inteligência, o amor e o companheirismo que os une. São uma família, pessoas com todas as emoções, e é interessante ver a interpretação que o autor fez em relação a esta pertença.
Na história e para contrabalançar, aparece a estrela, o oposto, a bela trapezista Cleópatra, a perfeita, que não apresenta nenhuma deficiência física. A própria câmara brilha ao filmá-la. A sua beleza faz com que tenha muitos pretendentes, quando o seu único interesse é o dinheiro e rir-se à custa dos "Freaks". É uma pessoa sem escrúpulos que acaba por casar com o anão Franz para lhe tirar o dinheiro e viver uma vida de rainha. Ele subjugado por ela aceita tudo e entra no jogo. No meio desta realidade e desconforto para nós, há a antiga namorada que ainda está apaixonada por ele, Frieda. As suas palavras são elucidativas quanto a motivação de Cleópatra : - "Para mim você é um homem. Mas para ela é só motivo de riso".
No entanto, toda a malvadez de Cleópatra, pensando ser um ser superior, encontra uma forte oposição na aliança dos "monstros". O "monstro" é ela!
O filme, que não teve grande sucesso na época, teve o seu revivalismo anos mais tarde. Hoje é considerado um filme culto e do seu emblemático jantar saíram muitas versões: "The Loving Cup" " We accept her", " One of Us" para enfatizar a aceitação de Cleópatra como uma deles, uma "aberração". Este momento é extraordinário aquando do seu significado - é lhe cantado que ela é aceite na comunidade dos "Freaks", algo que ela não suporta e esse momento dita o desfecho dela no filme.
De notar que, tal como o realizador, a atriz teve poucos convites para fazer outros filmes.
Partilho uma compilação de homenagens ao filme.
https://en.wikipedia.org/wiki/Freaks
https://books.google.pt/books?id=FVJ9CgAAQBAJ&dq=spurs+tod+robbins&hl=pt-PT&source=gbs_navlinks_s
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