Adorei ver "The Bold Type". O facto de estar associada a uma serie que parece ser destinada para os adolescentes não lhe retira a importância, porque os temas que aborda são atuais e pertinentes. É voluntariamente feminista, descreve todo os espectros ligados às mulheres: os amores, as traições, as desilusões, a violência sexual, a desigualdade, a imagem das mulheres na sociedade. As pessoas LGBT, o racismo, numa américa que estava sob a administração Trump, também são focados. Foi preciso ter coragem para fazer uma série como esta nessa altura.
Junto o que encontrei sobre a série na internet: "Not just that, but the contents of The Bold Type has pushed boundaries and started conversations around taboo subjects like: BRCA cancer gene, exploring sexual inclinations, pornography, yeast infections, yoni eggs, gun ownership, loopholes in women’s health insurances, racial/class/gender privileges, cheating, digitisation and how it is affecting the printing press, custody battles, body positivity, assault and its victims, love and loss. The list is quite diverse, just like the cast and the representations"
É uma série ligeira, que aborda a vida de 3 raparigas cheias de sonhos, trabalhando numa revista feminina idêntica à Cosmopolitan. Aliás é inspirada na vida de Joanna Coles, antiga editora-chefe da revista.
É uma série para ser vista na Netflix e como tudo o que é bom acaba, vai sair a 5ª e última temporada.
Há já algum tempo que quero escrever sobre a Mylène Farmer. Ouço-a muito frequentemente em casa. É como se fosse o meu prazer proibido. Gosto muito da música portuguesa e da música anglo-saxónica, mas, a Mylène Farmer é requerente na minha seleção musical. O meu Spotify é a prova disso.
Seria, mesmo, importante começar por explicar a entrada da Mylène na minha vida e na vida de milhares de franceses e, também, partilhar a importância que ela teve e tem na minha pessoa.
Sempre gostei de irreverência ao meu redor. Fui sempre uma pessoa contra o sistema, se se pode chamar assim, por isso, quando ela chegou com a sua primeira música "Maman à Tort", senti uma certa aproximação no conteúdo e sem saber, uma identificação que na altura estava longe de encarar para mim.
Maman à Tort
Estávamos em 1984 e as palavras "J’aime ce qu’on m’interdit" "Gosto do que me é proibido" soavam tão bem em mim, tal como, "J’aime l’infirmière Maman", "Amo a infermeira, mãe". Uma lufada de ar fresco e de liberdade enchia a minha pré-adolescência. Tudo na sua música, bem como nela, envolvia e representava o meu estado de espírito, descobria alguém que finalmente pensava como eu.
Plus Grandir
Seguiu-se "Plus Grandir", "Não crescer" e continuou esta representação, esta osmose de palavras e de sentido que ecoavam em mim. O outro grande obreiro da carreira de Mylène Farmer é Laurent Boutonnat com quem ela fundou uma gravadora, e apesar de se terem separados por uns tempos continua a trabalhar com ela. Na altura de "Plus Grandir " era ele que fazia os vídeos e são uma maravilha em todos os sentidos. Foi o primeiro vídeo a ser censurado, só mostravam um excerto do mesmo na televisão.
O primeiro álbum "Cendres de Lune" foi uma consequência das vendas que Mylène Farmer fazia com os seus primeiros "singles", (está guardado na minha sala com muito amor). Além disso, Laurent Boutonnat como referi em cima era muito audacioso e ambicioso. Os seus vídeos eram cada vez mais elaborados, de tal forma que "Libertine" (com restrição de idade, mas, pode ser visto no YouTube) é mais um filme do que um vídeo. É extraordinário! A letra associada a esta música seguiam as letras que eram e são de uma certa forma provocadoras "Je, je suis Libertine, je suis una "catin"" que se traduz como "Eu, eu, sou Libertine, eu sou uma "puta"", mas segue com um conteúdo mais vulnerável "Je, je, suis si fragile com me tiennes la main"- "Eu, eu sou tão frágil, segurem-me a mão" a liberdade das mulheres expressa como uma aquisição de poder, de luta, no entanto afirmando a necessidade de serem apoiadas. O vídeo é muito bom, libertador, apesar do triste desfecho que é muito interessante.
Libertine
Outro vídeo grandioso é o de "Pourvu Qu´elles soient Douce" que é a continuação de "Libertine". Não há nada a acrescentar…
Pourvu Qu´elle Soient Douce
"Tristana" continuava com a sua apologia de grandeza, e a música, a primeira canção com a letra de Mylène - depois não parou de escrevera as suas canções - é uma letra muito sombria, fria, fala de morte, algo que é recorrente nas suas músicas. Ela impõe gradualmente a sua assinatura e continua com a provocação que a fez conhecer. O vídeo, mais uma vez, é espantoso. Uma revisitação da branca de neve com imagens da revolução russa de 1917.
Tristana
E depois, abalou todos com "Sans Contrefaçon". Abalou-me a mim. Ali estava uma música que me diziam muito, com a irreverencia em destaque, uma maravilha para as minhas orelhas, eu que, sempre fui uma maria-rapaz. Ela própria disse que quando ela era mais nova não se definia totalmente como uma rapariga, preferindo as brincadeiras dos rapazes ou estar com rapazes. Era um regalo, Mylène tocava no coração de milhões de pessoas que como ela, não se conseguiam definir no seu género. A liberdade e a individualidade são íntimas e intransponível. E se, muito se identificam no limbo dos opostos deve ser respeitado e em nenhum caso ser debate por qualquer razão que seja. Ninguém pode ser atacado na sua mais intima pessoa. Ela ganhou com esta música um reconhecimento da comunidade gay.
Sans Contrefaçon
Com "Ainsi Soit Je", entramos num sonho. Uma mística belíssima sobre a nossa existência, uma alegoria sobre a solidão com uma referencia subtil à religião. A música é bela, maravilhosa, coloca-nos numa posição de fragilidade. Mais uma vez ela falava para mim, mexia comigo, mas, desta vez, diretamente para o meu coração. A poesia de Myléne Farmer planeava sobre a minha cabeça. O vídeo é de uma simplicidade e de uma beleza extrema. Um dos melhores que vi até hoje.
Ainsi Soit Je
"Desenchantée" é uma das minhas canções preferidas de sempre. A letra diz muito sobre a consciência que vamos adquirindo com o tempo. Do valor que ganhamos ao perceber a vida com todas os seus contrastes. Mais uma vez encontrava em mim um lugar privilegiado na rebeldia que ecoava no meu intimo. Hoje, penso que a Mylène escreveu uma obra-prima que perdura e perdurara porque os governos continuam a gerir ao invés de investir nas pessoas. A geração que ela fala é o reflexo de todas as gerações que nascem no outro lugar - a geração da igualdade, da equidade, da liberdade. A desilusão continua hoje com as mesmas lutas e, mesmo se está melhor, ainda é preciso fazer muito. Ela sonha com um mundo melhor! Deixo aqui a letra, é fácil traduzir.
Desenchantée
"Nager dans les eaux troubles
Des lendemains
Attendre ici la fin
Flotter dans l'air trop lourd
Du presque rien
A qui tendre la main
Si je dois tomber de haut
Que ma chute soit lente
Je n'ai trouvé de repos
Que dans l'indifférence
Pourtant, je voudrais retrouver l'innocence
Mais rien n'a de sens, et rien ne va
Tout est chaos
A côté
Tous mes idéaux : des mots
Abimés...
Je cherche une âme, qui
Pourra m'aider
Je suis
D'une géneration désenchantée
Désenchantée
Qui pourrait m'empêcher
De tout entendre
Quand la raison s'effondre
A quel sein se vouer
Qui peut prétendre
Nous bercer dans son ventre
Si la mort est un mystère
La vie n'a rien de tendre
Si le ciel a un enfer
Le ciel peut bien m'attendre
Dis moi,
Dans ces vents contraires comment s'y prendre
Plus rien n'a de sens, plus rien ne va."
Eu comprei o CD que se chama "L´autre" e ainda tenho o CD, com momentos de pura maravilha. Outra passagem maravilhosa e de uma beleza de ter pele da galinha é o seu duo com Jean Louis Murat "Regrets" que cantei e cantei na minha casa, na casa de banho, na rua … em toda lado.
Regrets
Ainda sinto a mesma adoração.
É evidente que com toda a sua audácia entrou em algumas polémicas, de tal forma que foram censurados mais dois dos seus vídeos: "Beyond my control" (1992) e "Je te rends ton amour" (1999)
Beyong My Control
Apesar da censura das televisões ela deu todo o dinheiro das vendas da música para a causa da SIDA que a abalou muito.
Je te Rends ton Amour
Os seus concertos são megalómanos, grandiosos em todos os aspetos. Não fui a nenhum, mas, mesmo no Youtube dá para ver a magia que ela coloca, magia e o dinheiro que gasta. Ligou-se a um enorme produtor e o retorno vem sobretudo dos vídeos e dos discos que vende. Ela foi uma das musas de Jean Paul Gaultier que passou a fazer o vestuário dos seus concertos. Vou deixar aqui, alguns exemplos para encher os olhos - abismam-se! Madonna deve ser a única com a mesma grandeza nos concertos.
Timeless - intro - À force de… (2013)
De uma grande beleza…
Avant que L´ombre - Bercy (2006)
Myléne farmer saiu um pouco da minha vida pelas circunstancias da minha volta para Portugal. Fiquei sem saber bem o que ela fazia a partir d´ai. Todo os meus esforços estavam no meu trabalho e na minha tentativa de criar uma vida - estávamos em 1994.
Mesmo assim, algumas músicas ecoavam no espaço tempo que me separava da minha infância. Músicas que fui descobrindo por acaso. Vão ficar aqui relatadas da forma mais aleatória. Sigo-a no Spotify, vejo no You Tube e estou sempre a par do que ela faz. O seus próximos concertos vão ser em 2023 e desta vez vou tentar lá estar!
Allan
Je T´aimes Melancolie
Sans Logique
L´amour XXL
"Rêver" é uma canção inspirada de grandes escritores por quem Mylène adora. É de uma beleza incrível!
Rêver
"D'avoir mis son âme dans tes mains
Tu l'as froissé comme un chagrin
Et d'avoir condamné vos différences
Nous ne marcherons plus ensemble
Sa vie ne bat plus que d'une aile
Dansent les flammes, les bras se lèvent
Là où il va il fait un froid mortel
Si l'homme ne change de ciel pourtant, j'ai rêvé
J'ai rêvé qu'on pouvait s'aimer
Au souffle du vent
S'élevait l'âme, l'humanité
Son manteau de sang
J'irai cracher sur vos tombeaux
N'est pas le vrai, n'est pas le beau
J'ai rêvé qu'on pouvait s'aimer
à quoi bon abattre des murs
Pour y dresser des sépultures
à force d'ignorer la tolérance
Nous ne marcherons plus ensemble
Les anges sont las de nous veiller
Nous laissent comme un monde avorté
Suspendu pour l'éternité
Le monde comme une pendule
Qui s'est arrêtée
J'ai rêvé qu'on pouvait s'aimer
Au souffle du vent
S'élevait l'âme, l'humanité
Son manteau de sang
J'irai cracher sur vos tombeaux
N'est pas le vrai, n'est pas le beau
J'ai rêvé qu'on pouvait s'aimer...
J'ai rêvé qu'on pouvait s'aimer
Au souffle du vent
S'élevait l'âme, l'humanité
Son manteau de sang
J'irai cracher sur vos tombeaux
N'est pas le vrai, n'est pas le beau
J'ai rêvé qu'on pouvait s'aimer
J'ai rêvé qu'on pouvait s'aimer
Au souffle du vent
S'élevait l'âme, l'humanité
Son manteau de sang
J'irai cracher sur vos tombeaux
N'est pas le vrai, n'est pas le beau
J'ai rêvé qu'on pouvait s'aimer
J'ai rêvé qu'on pouvait s'aimer
J'avais rêvé du mot aimer"
California
Innamoramento
Fuck them all
Peut-être Toi
Diabolique Mon Ange
"Point de Suture" é uma canção sobre uma separação. Como é possível alguém escrever uma letra tão linda? Percebe-se o seu sofrimento. Fica a letra
Point de Suture
Les jours de peine
Fredonnent un
Je ne sais quoi
La ritournelle
Des indécis, des quoi ?
Par habitude
J'ai pris ce chemin
D'incertitude
Où mes va sont des viens
Jours de sagesse
La voie unie et droite
Mais l'homme doute
Et court
De multiples détours
Vague mon âme
Va, prends ton chemin
L'attente est sourde
Mais la vie me retient
Prends-moi dans tes draps
Donne-moi la main,
Ne viens plus ce soir
Dis, je m'égare
Dis-moi d'où je viens
Ne dis rien, je pars
Rejoue-moi ta mort
Je m'évapore
Des mots sur nos rêves
Déposer mes doutes
Et sur les blessures
Point de sutures
Vole mon amour
Refais-moi l'amor
Confusion des pages
Je fais naufrage
Les nuits sont chaudes
Mon sang chavire et tangue
Bâteau fantôme
Qui brûle
Je suis tempète et vent
Ombre et lumière
Se jouent de l'amour
Mes vagues reviennent
Mes flots sont si lourds
Prends-moi dans tes draps
Donne-moi la main,
Ne viens plus ce soir
Dis, je m'égare
Dis-moi d'où je viens
Ne dis rien, je pars
Rejoue-moi ta mort
Je m'évapore
Des mots sur nos rêves
Déposer mes doutes
Et sur les blessures
Point de sutures
Vole mon amour
Refais-moi l'amor
Confusion des pages
Je suis/fais naufrage
C´est dans l´air
Elle a dit
À l´ombre
City Of Love
Interstellaires
N´oublie pas
Sentimentale
L´âme dans l´eau
Fica aqui o meu amor à Mylène Farmer. Merci!
C´est une belle journée
Fiz uma tradução de uma belíssima cancão de Mylène no meu Blog, podem ir ver : "Je te dis tout"
Como escrevi na mensagem sobre o filme "Girlhood", "Bando de Raparigas", que recomendo vivamente, gosto muito do trabalho da Celinne Sciamma. Vi todos os seus filmes.
O "Retrato de Uma Rapariga em Chamas" é o melhor, sem sombra de dúvida. Celebra o amor, o medo, a abnegação, a rendição e a perdição. A perdição num amor impossível, vivido no século XVIII, em França.
A história reflete a condição das mulheres nessa época. Na história de Céline Sciamma nasce um amor, um amor que cresce através dos olhares que nos acompanham durante todo o filme. Uma paixão entre duas mulheres, descrita no tempo, sob um olhar feminino. A produção é quase toda feminina. No filme, também, há poucos homens, apesar de, estarem em segundo plano e de ter a força que a época transmitia-lhes. Os pintores eram maioritariamente homens, a criada está grávida e a Heloïse é prometida para um casamento com um homem nobre que ela não conhece e com o qual ela não quer casar. Este e o dilema principal e o tema principal do filme. Ela prefere o refúgio da solidão a este destino que ela encara com muita gravidade, abdicaria da sua liberdade, ficando no convento para fugir a este casamento, mas o destino quis que ela tivesse de enfrentar este pesado legado. A história de amor que nasce entre as duas mulheres é o outro tema fulcral do filme. Elas encontram-se dentro de uma vertigem de sentimentos que confunde o próprio designo da relação. Não haverá a possibilidade de viver plenamente este amor que começa e acaba dentro de um casulo feito de lembranças desde o primeiro dia. O amor entre elas é forte, dramático, épico, mesmo assim, é a única coisa que lhes vai dar o alento para continuar a viver. Elas entraram nessa história inteiramente, inventaram as suas vidas, as suas lembranças, o elo que irá ligá-las para sempre.
O feminismo inerente a este filme transforma-o como se fosse um filme atual. Hoje, ainda há poucas realizadoras, poucos apoios para as mulheres e, infelizmente, ainda existe um estigma em relação à liberdade das mulheres. Ela personifica o amor como um Deus através de uma lenda. O filme é muito bonito. Vale a pena ver.
A fotografia é sublime! A realização é sublime! Não escrevo isto porque adoro a Céline Sciamma, mas, porque é verdade. E se ela ganhou a "Palma de Ouro" no Festival de Cannes pelo roteiro, ela merecia o da realização, para mim. A descoberta da Heloïse (Adéle Haenel) pela pintora Marianne (Noemie Merlant) é extraordinário! Héloïse é o seu modelo, escondido com pudor, debaixo de um capuz azul e quando ele cai e revela a cor do cabelo durante a sua entrega à liberdade, passamos a ser Marianne, passamos a ser a pintora com a ânsia de conhecer o seu modelo. Quando Heloïse corre até o precipício, nós somos a Marianne a correr atrás dela e percebemos que ela tem medo do seu destino, devido à sua inaptidão em conseguir alterá-lo. É a perdição à vida, uma rendição da luta, a falta de liberdade de escolha. A divulgação dos olhos de Heloïse são de uma poesia, de uma beleza que nos subjuga, como subjugam a Marianne. A música que acompanha a cena do fogo transforma o ambiente num transcendente e magnifico momento/quadro. Adoro este filme! Um dos filmes de 2020!
Tentei vê-lo no cinema, mas o confinamento e o Covid 19 impediram-me. Partilho esta ligação. Se voltar aos cinemas, vão vê-lo! Uma boa maneira de ajudar é de comprá-lo. Fica bem na nossa coleção!
Comme je l'ai écrit dans le message sur le film "Girlhood", "Bando de Raparigas", que je recommande vivement, j'aime beaucoup le travail de Celinne Sciamma. J'ai vu tous ses films.
Le "Portrait d'une Fille en Feu" est le meilleur, sans aucun doute. Il célèbre l'amour, la peur, l'altruisme, l'abandon et la perdition. Perdition dans un amour impossible, vécu au 18ᵉ siècle, en France.
L'histoire reflète la condition des femmes à cette époque. Dans l'histoire de Céline Sciamma un amour né, un amour qui grandit à travers les regards qui nous accompagnent tout au long du film. Une passion entre deux femmes décrites dans le temps, sous un regard féminin. La production est presque entièrement féminine. Dans le film aussi, il y a peu d'hommes, en dépit d'être à l'arrière-plan et d'avoir la force que l'époque leurs transmis. Les peintres étaient majoritairement des hommes, la femme de chambre est enceinte et Héloïse est promise à un homme noble qu'elle ne connaît pas et qu'elle ne veut pas épouser. C'est le dilemme principal et le thème principal du film. Elle préfère le refuge de la solitude à ce destin auquel elle est confrontée très sérieusement et elle abdiquerait de sa liberté, resterait au couvent pour échapper à ce mariage, mais le destin a voulu qu'elle affronte ce lourd héritage. L'histoire d'amour qui née entre les deux femmes est l'autre thème central du film. Elles se retrouvent à l'intérieur d’un vertige de sentiments qui confond la conception même de la relation. Il n'y aura aucune chance de vivre pleinement cet amour qui commence et se termine dans un cocon fait de souvenirs dès le premier jour. L'amour entre elles est fort, dramatique, épique et, c'est la seule chose qui leur donne le courage de continuer à vivre. Elles sont entrées dans cette histoire corps et âme, elles ont inventées leurs vies, leurs souvenirs, le lien qui les reliera à jamais.
Le féminisme inhérent à ce film le transforme dans un film actuel. Aujourd'hui, il y a encore peu de cinéastes femmes, peu de soutien aux femmes et, malheureusement, il y a encore une stigmatisation en relation à la liberté des femmes. Elle personnifie l'amour en tant que Dieu à travers d’une légende. Le film est très beau. Il vaut la peine d'être vu.
La photographie est sublime! La réalisation est sublime! Je n'écris pas ça parce que j'aime Céline Sciamma, mais, parce que c'est vrai. Et si elle a remporté la "Palme d'Or" au Festival de Cannes pour son scénario, mais, elle méritait celui de la réalisation, pour moi. La découverte d'Héloïse (Adéle Haenel) par la peintre Marianne (Noémie Merlant) est extraordinaire! Héloïse est son modèle, cachée avec modestie sous une capuche bleue et quand elle tombe et révèle sa couleur de cheveux, lors de son abandon à la liberté, nous devenons Marianne, nous devenons la peintre désireuse de connaître son modèle. Quand Héloïse court jusqu’au précipice, nous sommes Marianne à sa poursuite et nous nous rendons compte qu'elle a peur de son destin, à cause de son incapacité à le changer. C'est la perte de la vie, l'abandon de la lutte, le manque de la liberté de choix. La révélation des yeux d'Héloïse est de la poésie, d'une beauté qui nous submerge tout en soumettant Marianne. La musique qui berce la scène du feu transforme l'environnement en un moment /tableaux transcendant et magnifique. J'adore ce film! Un des films de 2020!
J'ai essayé de le voir au cinéma, mais le confinement et le Covid m'ont empêché. Je partage cette connexion. S’il retourne aux cinémas, allez le voir! Une bonne façon d'aider c’est de l'acheter. Le film est bien dans notre collection!
Red wine is like a friend. It establishes a bond of coexistence, tranquillity and fraternization.
I raised his voluptuousness, and you, you chose a fresh white wile steeped in your manias.
You drank two in a row, deceived by the heat. You had not felt the freshness of citric acid in your mouth, nor its ardour.
Red wine needs time to taste, to conquer the throat, with its deep aromas that last to the infinite of the soul. Mine, accompanied me through the night, entwined in my hand, releasing his body to my passion.
You stumbled towards the car, you didn't know where you were going. If it weren't for the excitement of my senses, perpetuated by the tannins, I would be disoriented, unable to function.
Along the way, you revealed a thousand things lost in the alcohol swirling around your head, like in the rings around Saturn.
Red wine incorporates conversations in its composition - it's space, it's all possibilities.
Le vin rouge est comme un ami. Il établit un lien de coexistence, de tranquillité et de fraternisation.
Je soulevais sa volupté, et toi, tu choisissais un vin blanc frais imprégné de tes manies.
Tu en as bu deux de suite, trompée par la chaleur. Tu n'avais pas senti la fraîcheur de l'acide citrique dans la bouche, ni son ardeur.
Le vin rouge à besoin de temps pour se déguster, conquérir la gorge avec ses arômes profonds qui durent jusqu'à l'infini de l'âme. Le mien, m'a accompagné dans la nuit, enlacé dans ma main, libérant son corps à ma passion.
Tu as titubé vers la voiture, tu ne savais plus où tu allais. S'il n'y avait pas l'excitation de mes sens, perpétré par les tanins, je serais désorientée, incapable de fonctionner.
En chemin, tu as révélé mille choses perdues dans l'alcool qui tourbillonnait dans ta tête, comme dans les anneaux autour de Saturne.
Le vin rouge intègre les conversations dans sa composition - c'est l'espace, c'est toutes les possibilités.