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sábado, 11 de abril de 2020

And The Band Played on - E a Vida Continua... Filme - SIDA

Roger Spottiswoode

And the Band Played On – Wikipédia, a enciclopédia livre

Numa altura em que estamos a viver uma nova pandemia, coloco este texto escrito e acabado há muito tempo. Não me sentia bem em fazê-lo, mas, nunca é demais relembrar os factos que acompanharam a evolução da SIDA. O filme "And The Band Played On" de Roger Spottiswoode é baseado no livro com o mesmo titulo de Randy Shilts e retrata a nossa incapacidade, impreparação e ineficiência em responder aos novos vírus, às novas epidemias. O início do filme mostra a devastação causada pelo vírus Ebola no Zaire - República Democrática do Congo. Está bem presente que o estigma relacionado com a SIDA acabou por retardar as respostas dos governos e das autoridades vigentes da altura. O elenco é de luxo. Um filme imperdível!
O dia 1 de dezembro e o Dia Mundial da Luta Contra a Sida.


Dia Mundial da Luta Contra a Sida – 1 Dezembro 2012 - Médicos do Mundo
Símbolo mundial da luta contra a SIDA


And The Band Played on - E a Vida Continua

No Documentário que acrescento, "The Age of AIDS", o presidente Reagan que presidiu os EUA durante o aparecimento e a proliferação da doença, preferiu ignorar a doença e evitar qualquer alusão a ela durante o seu primeiro mandato. Foi, depois de ser pressionado com o aumento dos infectados e mortos, que falou no fim da sua segunda legislatura. Vejam o documentário é muito abrangente, mesmo se é longo. Ele mostra o inicio da pandemia e as respostas dos diferentes governos em todo o mundo. O documentário é de 2006 e foi feito para assinalar os 25 anos do primeiro caso de SIDA diagnosticado. Mesmo com uma diferença de 16 anos vale a pena ver.

The age of AIDS 

A SIDA - Síndrome de Imunodeficiência Adquirida - é uma doença que fez mais de 30 milhões de mortos em todo o mundo. Ela apareceu de forma avassaladora, sem deixar oportunidade a quem a contraía, porque a sua manifestação era e é lenta e assemelhava-se a outros sintomas, outras doenças. A sua forma de desenvolver era e é terrível e de difícil percepção. "And The Band Played On" mostra o caminho que percorreu nessa altura na América, e como as autoridades, bem como a comunidade cientifica teve dificuldade em encontrar a sua proveniência e de estancar a sua propagação. A lentidão das autoridades em tratar a SIDA como uma doença prioritária levou a que muitos morressem abandonados. Os governos ditaram o desfecho trágico de milhares de pessoas por causa da ligação da doença aos homossexuais. Até a industria de sangue, como está relatado no filme, preferiu dar sangue contaminado aos doentes, porque testar o sangue tinha custos muito elevados. Na altura, quem tinha a doença sabia que mais tarde ou mais cedo iria morrer. Começaram a prescrever o AZT (zidovudina) em 1986 como antirretroviral inibidor de replicação do vírus, mas a dose prescrita era muito forte, com muitas contra-indicações, letal para algumas pessoas e depois de algum tempo o organismo não respondia mais ao medicamento. Os medicamentos que começaram a retardar a doença surgiram em 1994, inibidores de protease e drogas do grupo AZT (coquetel) mas, muitos dos infectados não tinham acesso a eles porque eram muito caros. Existe, nos dias de hoje, uma terapia antirretroviral  (TARV) que impede a transmissão do vírus às outras pessoas, bem como a transmissão vertical para o bebé, desde que bem encaminhada e tratada, tanto para a mãe como para o bebé, permitindo ter uma vida quase normal. Existe, também, a profilaxia pré- exposição e pós- exposição. Junto os links do SNS e da DGS para saberem mais sobre as medidas concretas que permitem aceder à essas possibilidades no fim da mensagem. A pessoa fica seropositiva e tem uma esperança de vida que se assemelha a uma pessoa que não é infectada, mas não fica curada. A diferença reside na tomada continua dos fármacos. 

Eu vivi o aparecimento da SIDA. Estava a entrar na minha adolescência. Nas notícias apareciam os primeiros sinais de uma epidemia assassina que assolava sobretudo os "gays". Ouvia o que nunca pensei ouvir e insurgia-me com as palavras dos que, com os seus preconceitos, colocavam a doença como um designo de Deus - uma punição para quem tinha um conduta dita "imoral". Comentários como: - "A SIDA é uma doença que aflige apenas os que tem maus hábitos, é o cancro dos gays, dos drogados e das prostitutas - é um julgamento de Deus!" Sim, ouvi isso por responsáveis políticos franceses da altura, país que teve muitos casos de SIDA. Eu, não percebia bem a doença. Todos os cenários eram de terror. Foi até noticiados que se passava com um simples beijo. Estava aterrorizada! Testemunhei essas atrocidades, os estigmas, as barbaridades que estereotipavam e menosprezavam as pessoas que morriam com ela. Muitos, e eu também, criticavam o Vaticano, na figura do seu Papa por ser contra o uso dos preservativos. O uso do preservativo foi e é determinante para evitar a contaminação por via sexual.

Foram precisos anos de pesquisa para retirar o estigma e perceber que o vírus era, afinal, passível de ser contraído por toda a gente - como demonstra o número de pessoas infectadas.

No inicio, não se sabia qual era a causa porque os doentes morriam de complicações associadas a outras doenças como a pneumonia "pneumocistose jirovecii ", "sarcoma de Kaposi " -  infeções oportunistas e cancros. As analises revelavam que não havia sistema imunitário para proteger as pessoas das doenças, ou seja, que os doentes tinham linfócitos T CD4  " T CD4 abaixo de 200 células (por microlitro) μL de sangue", responsáveis por reconhecer um intruso e dar o alerta caso haja a entrada de um vírus, bactéria, fungo ou parasita dentro de uma célula. Quando uma pessoa é infectada, os linfócitos T CD4, "com especial função na ativação específica das defesas do organismo", dão o sinal e são logo produzidos anticorpos e são acionados "os linfócitos T CD8, T8  altamente especializados na destruição de células reconhecidas como anormais ou estranhas ao organismo". Os anticorpos determinam que a pessoa é seropositiva, mas, pode não ter sintomas da doença. O tempo de incubação da Sida pode demorar mais de 5 anos antes da degradação do sistema imunitário, ou seja, tempo em que a célula consegue proteger-se quando uma bactéria, fungo ou um vírus entra. Durante este tempo a pessoa contaminada pode contaminar outras pessoas. Em 1983, a causa da SIDA foi descoberta e foi notificado que era devido ao vírus HIV - Vírus da Imunodeficiência Humana. O problema é que o vírus HIV ataca os linfócitos T CD4 responsáveis pela preservação do sistema imunitário. Quando os linfócitos T CD4 são afectados o sistema imunitário acaba por atacar as suas próprias células, deixando assim o sistema imunitário deficitário. O vírus entra na célula apropria-se dela e ela acaba por desenvolver o vírus e morrer com ele. Assim, ele dissemina o sistema imunitário, levando à impossibilidade de responder no caso de aparecerem outros vírus, fungos, parasitas ou bactérias. A mutação do vírus que afecta a célula, torna a vacina difícil porque o vírus produzido pela célula difere do vírus que afectou a célula, por causa da formação de um novo DNA do vírus dentro da célula. Em 2019 foi relatado que há avanços em relação a uma vacina. 

 A SIDA apareceu nos anos 80, mas, já existia há mais tempo. Segundo os cientistas e pesquisadores que trabalharam sobre a origem da doença, ela aparece nos anos 20 no Congo de uma contaminação entre o chimpanzé e o homem devido a um corte ou a ingestão de carne contaminada. Depois, e através do desenvolvimento industrial, comercial e sexual, (o uso de vacinas?) começou uma contaminação global. Há outras teorias que relatam o aparecimento do vírus. 

Eu, cresci com o seu aparecimento nos anos 80. Eu estava lá, soube da sua existência numa altura em que ninguém sabia de nada. Cresci com o aparecimento de uma doença que colocou o amor e o sexo numa escala de preocupação. Desde então, é preciso proteger-se, mesmo se, consegue-se viver com o vírus graças aos tratamentos que evoluíram muito desde o AZT.

Muitos morreram! Homens, mulheres, crianças, pessoas conhecidas, pessoas anónimas, infectadas através das relações sexuais, da contaminação vertical, pela partilha de agulhas ou por transfusão de sangue, porque eram hemofílicas ou durante uma operação, uma cirurgia.

O vídeo abaixo mostrar as pessoas famosas que faleceram com ele.


O vírus entrou nas nossas vidas de forma avassaladora e se hoje quem está infectado consegue ter uma vida quase normal, convém continuar a evitar a sua propagação e a prevenção é a melhor forma de se proteger -  não partilhem agulhas e usem preservativos!

Existem teorias negacionistas e polémicas que rejeitam os estudos feitos sobre a relação entre o HIV e a SIDA. A origem e a propagação, também, foram objetos de estudos. Todas essas teorias são de fácil acesso e são todas desmentidas pelo consenso cientifico por serem perigosas, basta ver a resposta da África do Sul em relação à SIDA.

No meu blogue podem ver o filme Philadephia - Filadélfia: https://audrey-movie.blogspot.com/search?q=philadelphia

Fiquem com alguns filmes muito bons sobre histórias de vida com a SIDA:
120 batimentos por minutos; Holding The Man que está na Netflix; GIA; Aconteceu Comigo e muitos outros. Vão pesquisando.


Referências:











https://www.msdmanuals.com/pt/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/infec%C3%A7%C3%A3o-pelo-v%C3%ADrus-da-imunodefici%C3%AAncia-humana-hiv/infec%C3%A7%C3%A3o-pelo-v%C3%ADrus-da-imunodefici%C3%AAncia-humana-hiv

https://www.dgs.pt/directrizes-da-dgs/normas-e-circulares-normativas/circular-normativa-n-1dsmia-de-04022004-pdf.aspx

https://www.pnvihsida.dgs.pt/informacao-tecnica-e-cientifica111/recomendacoes-nacionais-/recomendacoes-portuguesas-para-o-tratamento-da-infecao-por-vih-1-e-vih-2-2015-capitulo-3-recomendacoes-para-o-inicio-da-terapeutica-antirretrovirica-combinada-tarc-em-doentes-adultos-e-.aspx


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