Angie Wang (excerto) |
https://www.nytimes.com/2024/01/04/opinion/taylor-swift-queer.html
Li este artigo e fiquei um pouco dividida. Existe nos fãs de Taylor Swift uma parte que se chama os "Gaylors", que são pessoas que vêem no trabalho da Taylor Swift motivos, sobretudo por causa das letras, para dizer que Taylor Swift pode ser "Queer" - que pode fazer parte da comunidade LGBTIQ+. Devo dizer que adoro estas pessoas, lêem as letras, dissecam as canções, são os maiores detectives, os Sherlock Holmes da música de Taylor Swift, enfim, de tudo o que a ela faz! Eu penso que são uns enormes fãs de Taylor Swift.
Fazer parte do "Fandom" de Taylor Swift, ou de qualquer outro artista que adoramos, leva -nos sem querer, a tornar-nos obcecados por estes artistas. Eu fui uma grande fã de David Bowie e ecoava em mim, justamente porque eu, na altura, sentia- me intrigada por tudo o que era fora do normal e podia fazer parte da comunidade LGBTIQ+, o facto de ele ser andrógino. Verdade que toda a sua aura, levava-me a imaginar que ele não era deste mundo, e fantasiava com a possibilidade de ele poder fazer parte desta comunidade, não que fosse importante, mas era assim. Com todas as suspeitas feitas sobre a sua sexualidade ele assumiu que era bissexual. Toda este fervilhar estas dúvidas criaram tantas histórias, mas, eu adorava e queria mais, mesmo se, no final nada podia ser verdade. Eu adorava e adoro David Bowie.
Mesmo assim, o artigo que é de opinião, num dos maiores jornais americanos, deixa-me um pouco desconfortada, perplexa - não porque, explica que nalgumas canções podem ser referenciadas mulheres, mas porque supõe que ela é "Queer", e que estão, ela e as mulheres em questão, no armário. É uma afirmação baseada nas suas letras e do meu ponto de vista, existe de facto esta ambiguidade em algumas letras e canções, mas, transferir este aspecto como definição da sexualidade escondida de Taylor Swift é ir longe demais. Esta premissa é penosa para ela e implicitamente para as suas amigas/mulheres em questão. Ele escreveu-o no prologue de 1989 (Taylor' Version):
- "You see—in the years preceding this, I had become the target of slut-shaming—the intensity and relentlessness of which would be criticized and called out if it happened today, the jokes about my amount of boyfriends. The trivialization of my songwriting as if it were a predatory act of a boy crazy psychopath, the media co-signing of this narrative. I had to make it stop because it was starting to really hurt.
It became clear to me that for me there was no such thing as casual dating, or even having a male friend who you platonically hang out with. If I was seen with him, it was assumed I was sleeping with him. And so I swore off hanging out with guys, dating, flirting, or anything that could be weaponized against me by a culture that claimed to believe in liberating women but consistently treated me with the harsh moral codes of the Victorian Era.
Being a consummate optimist, I assumed I could fix this if I simply changed my behavior. I swore off dating and decided to focus only on myself, my music, my growth, and my female friendships. If I only hung out with my female friends, people couldn’t sensationalize or sexualize that—right? I would learn later on that people could and people would."
As referências incluem as amigas com a qual ela confraternizou, e percebo, que depois de alguns anos, estas referências podem surtir um efeito negativo na vida dessas pessoas.
Taylor Swift é uma artista e pode escrever sobre personagens inventadas, personagens de um livro; pode ser inspirada por outros artistas, partilhar a vida do seu ponto de vista, do ponto de vista de uma mulher apaixonada por um homem, do ponto de vista de uma mulher apaixonada por uma mulher, do ponto de vista de um homem apaixonado por uma mulher, do ponto de vista de um homem apaixonado por um homem ou abraçar causas que são importantes para ela - a liberdade artística é dela e só dela. Não há nada de novo ali, deixar os seus fãs na dúvida é o melhor para alimentar o interesse, a sua popularidade e o seu sucesso. O que não gostei foi a retórica em relação à sua pessoa, se ela é "Queer" como está inerente na peça, não nos dá a nós, que o somos, ou não, o direito de fazer o seu "Coming Out". Ela sempre negou e é uma grande aliada da comunidade LGBTIQ+!
Se ela gosta de mulheres é apenas a ela que diz respeito. Nós fãs, podemos especular - é o nosso direito, mas, escrever um artigo que deixa patente o facto de a sociedade, nós os fãs, os seus próximos a impedem de sair do armário, não pode ser um tema de um artigo que a define. Se ela não quer dizer, se prefere esconder, se quer dizer amanhã ou nunca é apenas a ela que diz respeito. Todos somos humanos e vivemos experiências, algumas difíceis de perceber, como o facto de amar uma pessoa do mesmo sexo, quem nunca?! A confusão de sentimentos é uma situação que pode acontecer a toda a gente. Recomendo a leitura desta história: "A Confusão de Sentimentos" de Stefan Sweig:
https://en.m.wikipedia.org/wiki/Confusion_(novella)
Mesmo assim, percebo esta fixação pelos grandes artistas e a nossa comunidade. Precisamos de representação ao mais alto nível! Não existe ninguém de maior que Taylor Swift neste momento. Especulações em relação a artistas é uma constante na história, quer sejam homens ou mulheres, deixo aqui alguns nomes: David Bowie; Cary Grant; Marlene Dietrich; António Variações; George Michael (que saiu do armário porque foi apanhado) ou mais perto de nós, Harry Styles, Shawn Mendes; Cate Blanchett e outros. É verdade que sair do armário, hoje, é mais fácil, mesmo se, ainda há países onde a homossexualidade é crime. Nem toda a gente pode ser uma Kd Lang ou uma Dina, cada um/a tem o direito de fazer o seu "Coming Out" quando for oportuno. Impor ou expor uma pessoa é muito mau. Se ela dá uns sinais e nós percebemos estes sinais através das suas criações, é uma dádiva que devemos receber e preservar - temos a sorte de perceber esta linguagem.
Como está explicito no artigo "Hits Different" tem um passagem que refere uma mulher. É importante que Taylor Swift se sinta confortável para escrever sobre as mulheres da sua vida ou não. Deixemos que isto aconteça mais vezes e aos "Gaylors" que adoro, continuem com os vossos conteúdos. Especular não faz mal a ninguém!
Especular não faz mal a ninguém, e mesmo se é importante demonstrar e explicitar o seu trabalho, o resultado, este artigo é demais. O que vale e espero é que ela parece não se importar e continua com a sua vida. Ela é uma pessoa, aparentemente, muito forte, resiliente e muito focada no seu trabalho.
Ela está actualmente numa relação que pelos vistos traz-lhe felicidade e esta situação deve ser respeitada. A sua música pode ser ambígua, mas, neste momento, em termos relacionais, não parece existir ambiguidade, que se goste ao não do seu namorado.
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