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segunda-feira, 30 de maio de 2022

AURORA - The Gods We Can Touch - Música



Como já perceberam sou uma grande, mas, grande fã da AURORA! Basta aceder às duas mensagens que escrevi no meu Blogue. 

Ela, entretanto, saiu um novo álbum no dia 21 de Janeiro que se chama "The Gods we Can Touch". Ela já tinha partilhado algumas músicas, mas, vou fazer uma escuta e reagir ao álbum, para falar da minha perspetiva em relação às músicas. 

Primeiro, vou falar do título do disco que me é muito querido. "The Gods We Can Touch" é absolutamente genial. O disco é uma homenagem aos deuses da mitologia greco-romana, algo que eu adoro, que eu estudei de forma autodidata e que me levaram a estudar astrologia há muitos anos atrás. Consigo fazer uma carta astral e ainda consigo ligar-me aos meus estudos antigos para as pessoas que me são mais próximas. Esta alegoria ligada à mitologia que encarna uma mística pluralista dá-nos uma ampla visão da nossa condição humana. Cada canção tem a sua representação mitológica, a sua entidade que seja um deus ou uma deusa. Deusa é a Aurora e vão conseguir comprová-lo. 

A religião faz parte de tudo e de nada na nossa existência; é algo de pessoal, universal e grande, mas, é uma das construções pessoais se a desejamos ao não. Ninguém pode em caso algum tecer julgamentos em relação à vida dos outros, porque se é um enriquecimento individual (ou não), não pode servir para atacar as outras pessoas sob pena de não responder à própria essência da religião que é permitir construir uma razão para a nossa existência - e é evidente que essa razão deve exprimir-se através da paz. Podemos crer sem impor as nossas crenças, sem destruir a razão de viver das outras pessoas (deveríamos). "The Gods We Can Touch" são os deuses que podemos tocar, que estão perto de nós e da nossa humanidade. Verdade seja dita que na mitologia existe toda uma efervescência imperfeita com muitas confusões à mistura… Não existe perfeição, é a vida.

O primeiro titulo do álbum é muito bonito e chama-se "The forbidden Fruits o Eden". O nome diz tudo! A maça que Adão e Eve comeram no Jardim de Eden. A voz de AURORA é angelical como sempre. A música é minimalista entra o baixo um pouco de piano… Muito bonito! A Deusa que ela escolheu foi Gaia a Deusa da Terra.

   
                Deusa Gaia                                                               The Forbidden Fruits of Eden

O segundo título do álbum é "Everything Matters". Ela convidou a cantora francesa Pomme para cantar com ela. Fala de todas coisas que tocam nas nossas vidas e das coisas que fazem a vida algo de mágico, mas, que muitas vezes não vimos e perdemos. Apela para que tudo o que nos envolve seja parte de um bem maior. Atlas é Deus que está representado nesta canção. Escolhi esta versão ao vivo com a Pomme porque é perfeita. Adoro a voz da AURORA bem como da Pomme,  a introdução do "beat", do baixo e o piano no fim. 

   
         

     Atlas                                                                           Everything Matter


"Giving To The Love" foi lançada em 2021 e fala do mundo exterior, as influencias que transfiguram a imagem externa em oposição ao interior, simbolicamente, retratado pelo fogo que Prometeu roubou aos Deuses para dar aos humanos. A canção é sobre a transfiguração do barro e a liberdade que essa transformação permite assumir o seu amor-próprio. Adoro a introdução e o ritmo.    

    
      
   Prometeu                                                                           Giving To The Love


O quarto "Cure For Me" que já tinha saído em 2021 faz uma alusão às "Terapias de Conversão" uma cura para a homossexualidade ou identidade de género. Estas terapias são uma, (como escrever algo sem ser desagradável?) uma coisa ridícula. Como se de uma doença de tratasse!? A conversão seria para que situação? Para se tornarem heterossexuais e homofóbicos? Não faz nenhum sentido e deveriam ser banidas em todo o mundo. Ser homossexual ou reclamar a sua própria identidade é algo de pessoal e ninguém tem o direito de obrigar uma outra pessoa a ser e sentir-se de forma diferente do que ela é, o respeito e reciproco. Ela que é uma fervorosa defensora da comunidade LGBTQIAP diz que não há nenhuma cura para ela e para nós.  

               

      Panaceia                                                                       Hermafrodita


Cure For me


"You Keep me Crawling" tem uma mensagem forte. Está patente o uso indevido do poder nos vários espectros da vida e na ideia de superioridade em relação aos outros, suscitado, sobretudo, nas diferenças étnicas, raciais, relacionais, religiosas e na desigualdade de género… Tudo o que pode subjugar e colocar as pessoas de joelhos. Perséfone foi raptada por Hadés que a guardava no seu submundo.

        
       
   Persefone                                                                You Keep Me Crawling


"Exist For Love" foi lançado durante a pandemia, porque, segundo ela, era o momento certo para as pessoas que estavam a passar por uma fase muito complicada receberem uma canção sobre o amor para apaziguar um pouco as suas vidas. Foi ela que realizou o vídeo num local fechado com as suas amigas e amigos mais próximos. Para os fãs foi uma surpresa, apareceu do nada e a sonoridade era completamente diferente do que ela fazia, uma canção inspirada nos anos 1920, tal como a roupa, mas a surpresa foi sobretudo a escolha do tema que era o amor, algo que ela transcreve de forma subjacente. Nesta música ela faz-nos existir para o amor. Os primeiros acordos de guitarra são divinais, a letra é o reconhecimento da paz que se vive quando se está apaixonado e de repente sentimo-nos completos. Não há comparação em termos vocais, AURORA é de uma ternura… Os violinos personificam a paz e o amor, amor universal e sentimental. Como eu gostava que neste momento conturbado os dirigentes ouvissem esta peça e acabassem com a guerra e a maldade que existe intrinsecamente e pudesse abrir os braços e dizerem que vivem para o amor. AURORA como eu gostava! A Deusa que ela escolheu é Afrodite. 


  
    Afrodite                                                                                          Exist For Love
                  

Gosto particularmente de "Heathens" por causa do significado da letra. Uma ode à escolha de Eva a primeira mulher criada por Deus, segundo as religiões Abraâmicas, quando comeu a maça da Arvore do conhecimento do bem e do mal e deu-a a comer à Adão. Ela deu-nos a liberdade de escolher, de ceder à tentação e é a primeira mulher a ser vista como pecadora por causa dessa escolha - o pecado original de Adão e Eva descrito na religião Cristã. É por isso que AURORA diz que vivemos como pagãs, nos as mulheres, porque tudo o que fazemos e fizemos durante séculos era relacionado com pecados. Somos julgadas por ter-mos uma opinião, queimadas, subjugadas à vontades dos homens e, infelizmente, ainda hoje contínua. O discurso sobre a liberdade das mulheres é sempre posta em causa pelos homens com o intuito de controlarem-nos, controlarem o nosso corpo, a nossa sexualidade, que seja através de doutrinas religiosas ou de simples invasão da nossa identidade. Tudo é terrível. Ainda se antevê a ideia que as mulheres são inferiores aos homens. Deixem-nos viver em paz, e sermos o que queremos. As mulheres deveriam fazer uma greve. "Heathens" é por isso um canto para mandar todos que nos querem rebaixar darem uma volta. É um canto de liberdade e de orgulho em fazermos o que queremos sem haver uma condescendência negativa, um paternalismo de qualquer pessoa que seja, mesmo no seio de uma família. É também para todos que não são respeitados na sua vida, que sejam homens ou mulheres. Quando as mulheres julgam outras mulheres, não se podem esquecer que elas estão a julgando-se a elas próprias, às irmãs ou às filhas delas, e os homens que o fazem que estão a julgar as suas mulheres, mães, irmãs e as suas filhas também… Ela escolheu Perséfone


           
          
    Perséfone                                                                      Heathens

She bargains with the world
So everything she wants will come to her
With no greed inside her mind
She knows what she deserves
We fell from sky with grace
And landed in her soft and warm embrace
She gave her love, her gift of life
So we could live with her
That is why we live like heathens
Stealing from the trees of Eden
Living in the arms of freedom
And everything we touch is evil
That is why we live like heathens
The stone, the dirt, the dust
The unforgiving promise made to us
Unworthy of your light, your god, your touch
We're guided by the lust
We cry the fallen names
We cry for those who burn beneath the flame
We stand beside the good and brave
The broken and enslaved
That is why we live like heathens
Stealing from the trees of Eden
Living in the arms of freedom
And everything we touch is evil
That is why we live like heathens
Everything you touch will be hers
A mother with no heart will give love
Her love is yours, but only if you give your heart to her
That is why we live like heathens
Stealing from the trees of Eden
Living in the arms of freedom
And everything we touch is evil
That is why we live like heathens
That is why we live like heathens
That is why we live like heathens


"The Innocent" é interessante e vai de encontro com as outras músicas. É sobre a sexualização da nudez. Nesta peça ela fala da liberdade de dançarmos nus, de estarmos livres no mundo sem por isso sentir o peso da sexualização de tudo o que fazemos, de como nos vestimos, por isso, ela fala da inocência interna em contraste com o mal que as pessoas vêem ao seu redor. Muitas das pessoas que se expressem livremente, que se vestem livremente, que são livre não sentem o mal à sua volta porque muitas vezes são inocentes. O deus relacionado é Eros pela sua representação do amor, da beleza, da juventude e da inocência.



   Eros                                                                                     The Innocent


"Exhale, Inhale" é uma obra de arte. AURORA consegue chegar a patamares de beleza com as suas músicas de tal forma que a vida fica em suspenso quando ela canta. Esta música é uma delas. A mensagem, mais uma vez é de alguém que se preocupa com o que se passa no mundo. Uma música claramente sobre as mudanças climáticas, mas que também pode falar da indiferença das pessoas com os seus mais próximos. Com a Guerra que testemunhamos na Ucrânia, é uma música que também pode ajudar quem está a sofrer. Basta respirar de novo e sentir a paz nas palavras que ela escreve. O Deus representados é Tânato que é a personificação da morte.


   Tânatos                                                                                  Exhale Inhale


"A Temporary high" é sobre o tempo e as experiencias que vivemos. Sobre o passado, o presente e o futuro. A possibilidade de viver este espaço-tempo da melhor forma, aproveitando o passado e o presente para ter um futuro melhor. Os Deuses representados são Caos pela vida em si e Janus pelas duas caras opostas - uma para o passado e uma para o futuro. A sonoridade da canção faz lembrar os anos 1980, a banda A-ha para ser mais precisa. 


 
   Caos                                                                           Janus. Watercolor by Tony Grist. 2011

A Temporary High


"A Dangerous Thing" é sobre a ilusão que encontramos na vida. O engano escondido na beleza, nas pessoas, nas nossas escolhas, na política, nos nossos amores e de como transformamo-nos ao longo do nosso caminho. Perde-se asas diz AURORA, perdemos a fé nos outros, na humanidade. Ele escolheu a Deusa Peito a deusa da sedução e da persuasão.



    Peito                                                                                  A Dangerous Thing


Artemis é a Deusa da caça, da lua, da magia, do parto, da virgindade, é uma deusa guerreira. AURORA representa-a como uma Deusa que ocupa o espaço todo, que conquista, que acumula e guarda tudo no seu seio, e que não tem escrúpulos. Apesar da sua natureza, todos querem estar perto dela, todos sonham em conquistá-la.


   
            
      Artemis by Bachzim                                                  Artemis


"Blood in The Wine" é muito interessante, sobretudo porque começa com uma tonalidade relacionada com os "Westerns" os filmes com "cowboys". A minha interpretação da letra é também muito interessante. Pode ser minha, porque cada um tem a sua. Eu penso que está relacionada com a religião, algo que em primeira instância é algo de bom, intrínseco, individual, de enriquecimento e que se se sente a sua presença nos corações deve ser respeitada. No entanto, muitas vezes, está relacionada com a falta de escolha que muitos vivem porque nascem em países onde determinada religião predomina e são obrigados a viverem com dogmas que podem não representá-los. Esta falta de liberdade e de obrigações transformam as pessoas e muitas vezes elas acabam por serem vistas como pecadoras quando o que pretendem é apenas viverem segundo as suas próprias necessidades. A religião, os seus representantes, quando são mal-intencionados (infelizmente) aproveitam o seu poder para emprisionarem as pessoas, para colocarem o sangue no vinho. Pode também estar relacionado com o Deus Dionísio, da festa e do vinho e ser apenas sobre celebração. Dionísio é o Deus que ela escolheu.


 
      
    Dionisio by Fedini                                                        The Blood in The Wine


"This Could be a Dream" é a minha favorita deste álbum. Ela tem uma melodia muito bonita. A estrutura da música é perfeita. Lembra um pouco uma música dos anos 1980. A letra mais uma vez tem uma mensagem altruísta. Ela canta para ajudar quem não consegue superar algumas dificuldades na sua vida. O Deus que ela escolheu é Morfeu o Deus dos sonhos.



         Morfeu                                                                                      This Could Be A Dream


"A Little Place Call Moon" é a última música deste álbum. É um momento muito bonito que ela partilha connosco. A Lua é um astro que ela gosta muito. É um astro que permite-nos sonhar por dias melhores, por melodias que berçam as nossas vidas. O Deus é Astreu.



     Astreu                                                                                         A Little Place Call Moon


No álbum original as músicas acabam com "A Little Place Call Moon, mas, AURORA fez uma nova versão, para o vinil com dois temas novos - "The Woman I Am" e The Devil is Human" nos lugares de "Giving Into The Love" e "You Keep Me Crawling".  Vou introduzir estas duas canções na minha mensagem.

"The Devil is Human" é outra vez uma canção sobre a liberdade e a vontade de viver mesmo se não é em sintonia com as religiões. AURORA como boa Norueguesa que é, tem um recue sobre as religiões, sobre o peso que elas provocam nas pessoas, sobre o inferno. Mais uma canção que é uma obra-prima. Ela escolheu o Deus Hades, o Deus do submundo, das almas.

    Hades                                                                      The Devil Is Human                                  

No disco vinil a música anterior é depois de "The Woman I Am", mas, como eu gosto muito dela, escolho acabar com ela a minha mensagem. A música é uma homenagem às mulheres. A tónica é sobre as dificuldades de vivermos num mundo feito pelos homens. Ela canta que as mulheres, as pessoas, devem amar-se a elas próprias, em primeiro lugar. Ela escolheu a Deusa Hera, a rainha do olimpo, Deusa dos Deuses, da maternidade, das esposas, a primeira a ter santuários. A canção tem uma tonalidade que remete-nos aos anos 1980, a voz da AURORA é incrível e o coro é impecável. Muito, muito boa! Partilho uma versão ao vivo.


  
          
     Hera                                                                          The Woman I Am


Acabo a mensagem, finalmente. Demorou mais tempo do que pensava. AURORA é uma artista completa. Nunca se desvia muito da sua essência. Bravo AURORA! 

As imagens foram retiradas da internet, algumas não consegui saber os autores ou as autoras. 

As primeiras mensagens sobre AURORA no meu Blogue.





O canto