Decidi fazer uma mensagem sobre "A Different Kind Of Human (step2)" porque a mensagem anterior a esta já é muito grande e porque penso que pode ser interessante discutir o novo trabalho da AURORA por si só.
Não costumo fazer uma revista de novos álbuns, no entanto, AURORA merece todo o nosso (meu) tempo.
Adoro, como perceberam, porque é um ser humano muito intenso e lindo. A velocidade com que faz e sai músicas é vertiginosa. Penso que ela faz bem. Depois de um primeiro álbum "All My Demons Greeting Me As A Friend" que é fabuloso e com o qual ela viajou um ano em concertos, é sempre difícil obter a mesma receção pelo público. O segundo álbum nestes casos é sempre o mais desafiante porque existe sempre a esperança que seja tão bom como o primeiro. Acontece a muitos artistas. A primeira impressão pode ser uma deceção pelo facto de ser diferente do que nos levou a adorar o seu trabalho.
AURORA é outra coisa. É muito corajosa e presenteou-nos com um super segundo álbum, "Infections Of A Different Kind (step1)" é muito rico em sonoridades, com letras que tocam da mesma forma que o primeiro. Não mudou na forma como escreve e isso é uma das suas mais valias. IOADK é um álbum potente ao nível musical, tal como referi na mensagem anterior a instrumentalização das músicas é extraordinária e com a sua voz e suas letras acabaram por ficarem sublimes.
"A Different Kind of Human (step2) é a continuidade de IOADK (step 1). Preparou-nos para ele.
Saiu na sexta-feira 7 de junho, e como sempre, uns amaram e outros nem por isso. É uma álbum mais desafiante, mais abrangente, muito trabalhado e sobretudo mais versátil. Ela experimentou novas sonoridades, novas técnicas vocais que ninguém podia pensar possível ela fazer. Não tem medo de nada.
Eu gostei, gostei muito mesmo. Adoro a frescura do álbum, a sua leveza, algo que não existia no vocabulário de AURORA, mesmo se as mensagens continuam profundas. Ela juntou-se a produtores que fizeram magia com artistas que adoramos: Bjork; London Gramar; The Knife e autores que se juntaram a ela que colaboraram com Ed Sheeran ou Madonna.
Se me dissessem que AURORA iria um dia trabalhar com eles, eu teria dito que eram doidos, mas não, já aconteceu e não há mal nenhum nisso.
É preciso visibilidade para salvar o mundo e ela merece toda a visibilidade. É uma mulher, artista, cantora, militante...precisa de toda a ajuda para conseguir expor todo o seu conteúdo. Ela é certamente alguém que merece ser ouvida.
Eu estou fiel e serei sempre fiel!
AURORA "you got me!"
A Different Kind Of Human (step2) é um grito para nós. Ela acredita na humanidade e pede apenas que mudemos as nossas atitudes perante o mundo e os nossos semblantes. Não fala de amor da forma como estamos habituados nas músicas e não é apenas critica das más decisões dos que estão no poder, toda o seu trabalho é Amor. As suas letras e músicas são como amor diluído em melodias que contrariam toda a maldade que se encontra na base de muitas das nossas ações. Sabe que temos defeitos, somos humanos, e que precisamos viver com eles, aceitá-los e transformá-los para sermos melhores pessoas para nós e para os outros. Afinal é uma otimista. É difícil chegar lá, sobretudo com o panorama em que se encontra o mundo. O nosso mundo nas mãos de quem se preocupa apenas pelo lucro e o poder. Guerras que continuam, ditadores modernos eleitos pela via democrática, a falta de empatia, de tolerância, visões fechadas subjugadas a crenças que se sobrepõem a humanidade (quando deveriam ser o contrário) e a terra que se desmorona com o nosso peso. A nossa própria existência está em jogo.
AURORA fala disse, sim, canta invita-nos a dançar e a chorar com estes tópicos tão pesados.
O albúm tem onze canções, vamos retratá-las uma a uma.
A Different Kind Of Human (step2)
1º- The River
The River" é uma canção sobre a taxa de suicído que no mundo toca mais os homens que as mulheres. Coloca-se então muitas perguntas: O que leva esses homens a cometerem suicído quando o mundo é mais propício aos homens do que as mulheres? Qual é o peso que sentem nos ombros? O quanto a educação e o que se espera deles os levam a acabarem com a vida? "You can Cry" é mesmo para lhes permitirem chorar ao invés de os proibirem de viverem as suas emoções, muitas vezes inibidas pelo machismo inerente que os acompanha.
""The River" é o primeiro com uma mensagem que fala sobre o choro, sobre chorar sem medo, deixar as lágrimas saírem como catarse que elas são e assumir as nossas fraquezas para seguir apesar das nossas tristezas. Quando a ouvi pela primeira vez não fiquei fã, não parecia dela e depois soube que era uma versão para a rádio com uma mistura de Mark Ralph. No entanto, depois de ouvir várias vezes encontrei uma singularidade e uma leveza interessante."
""The River" é o primeiro com uma mensagem que fala sobre o choro, sobre chorar sem medo, deixar as lágrimas saírem como catarse que elas são e assumir as nossas fraquezas para seguir apesar das nossas tristezas. Quando a ouvi pela primeira vez não fiquei fã, não parecia dela e depois soube que era uma versão para a rádio com uma mistura de Mark Ralph. No entanto, depois de ouvir várias vezes encontrei uma singularidade e uma leveza interessante."
The River
2º- Animal
"Animal"é uma critica feroz à nossa sociedade. É sobre o que nos move no mundo. O amor, a violência dos nossos instintos que são relatados como primários, "Hunting for love, Killing for pleasure...", perdidos numa selva urbana. É muito dançante, o vídeo é a prova disso. A primeira canção que quebrou toda a imagem sonora que se tinha de AURORA. Explorou um som mais popular, algo que não se esperava. Não há mal nenhum nisso como já tinha dito.
"Dance on the moon" é sublime (para mim). A letra é linda. O que sinto é que é um pedido para que se volte a que todos sejamos unidos em torno de um ideal maior. Mais uma vez sonha com um mundo que abraça o amor. Vê-se a dançar na lua, ser um anjo, um altar quando está sozinha. Sente o tempo, o que é lindo, todos vivemos estes momentos de solidão em que se projeta o melhor de nós nos planetas e na grandeza dos nossos sonhos.
Animal
3º- Dance on the Moon
"Dance on the moon" é sublime (para mim). A letra é linda. O que sinto é que é um pedido para que se volte a que todos sejamos unidos em torno de um ideal maior. Mais uma vez sonha com um mundo que abraça o amor. Vê-se a dançar na lua, ser um anjo, um altar quando está sozinha. Sente o tempo, o que é lindo, todos vivemos estes momentos de solidão em que se projeta o melhor de nós nos planetas e na grandeza dos nossos sonhos.
Dance on the moon
4º- Daydreamer
"Daydreamer" é mais uma vez uma música maravilhosa. Um grito que representa a sua própria função no mundo. Se é uma menina será que pode salvar o mundo? Claro que sim! Claro que é melhor passar de quem sonha de noite para quem se projeta com os seus sonhos à luz do dia e como é mulher é relacionado com a sua condição. Uma voz feminina no mundo, como todas deveriam de ser.
Daydreamer
5º- Hunger
"Hunger" é um pouco complicada para mim. Parece que no início ela fala dela própria, nasceu a algum tempo com a morte em mente. Não somos os mesmos, mas até somos? Avatar? O engano, a metira dos que decidem? Mas logo, logo continua com o que parece ser uma ligação entre pessoas em que se discute a fome e o poder. Todos temos fome de poder e será que pode ser partilhado. A performance vocal é competamente diferente. Se calhar é melhor aceitar a letra como ela é e mais nada.
Hunger
6º- Soulless Creatures
"Solless Creatures" é uma das minhas preferidas do álbum. Começa de forma etérea, pacifica, no entanto a letra é muito inquietante. AURORA diz que as suas músicas não são sobre ela e de certeza que esta não reflete a sua pessoa. Está mencionado uma pessoa que não se preocupa com os outros, alguém sem alma. Ela pede aliás que ela volte quando a paz for restaurada. Alguém certamente que age de forma egoísta, calculista e má. A letra mesmo assim acaba com uma mensagem dela mesma dizendo que ela deu tudo dela, os dois lados dela.
Depois de ouvir a explicação de AURORA sobre esta música, percebe-se muito bem o discurso hipotético da Terra com nos humanos e somos nós as criaturas sem alma. Não é de forma nenhuma uma pessoa má, mas, um planeta cansado de nos ter a abusar dela. Muito bem AURORA!
In Bottles
Depois de ouvir a explicação de AURORA sobre esta música, percebe-se muito bem o discurso hipotético da Terra com nos humanos e somos nós as criaturas sem alma. Não é de forma nenhuma uma pessoa má, mas, um planeta cansado de nos ter a abusar dela. Muito bem AURORA!
Soulless Creatures
7º- In Bottles
"In Bottles" é segundo os que a seguem a continuidade de "In Boxes" que narrava uma mulher que matava pessoas e guardava-as como troféus debaixo da sua cama. É extremamente forte e interessante, a música é expectacular. "Covers your eyes", "Hide my childrens"... Ups...
In Bottles
8º- A different Kind Of Human
"A different Kind Of Human" é o titulo do Álbum e é o famoso "Track 8" o número 8 é muito importante para ela. É sobre a morte, mais uma vez. Como referi em cima, as músicas não são sobre ela, mas, existe, certamente, algo que a liga ao que ela escreve. É possível que esta música tenha sido influenciada pelas suas perdas pessoais (amigos, amigas, pessoas conhecidas). O suicído pode estar relatado nesta música. Muitas interpretações podem ser dadas para esta música, mas, como escrevi na última mensagem é mesmo sobre os que vão demasiado cedo. Um pouco à imagem de algumas religiões, crenças, a vida depois da morte para AURORA é com uns extraterrestres gentis que nos levam para um lugar mais seguro e melhor. Apazigua um pouco o que é suposto ser o final. As palavras "Omega hai foleet, Omega hai foleet, Omega Toneca, Omega for let in." Dão a sensação que ela faz uma mistura de dialetos e de linguagens. Omega é a última letra do alfabeto grego, relatando o fim, o fim da viagem e o começo de outra... "For let in". "Foleet" parece ser uma folha em escandinavo.
A Different Kind Of Human
9º- Apple Tree
Ah como eu gosto desta música!!! Eu sei é muito diferente do que ela nos habituou, mas é tão bom!
Um hino, de novo, à juventude e à esperança que vem dos jovens. Será que serão eles que irão nos salvar. Eu vejo muita cor nesta música, muita diversidade, que toca em muitas partes das nossa sociedade. Faz-me lembrar um pouco Alanis Morissette na sua interpretação. Tão bom!
Apple Tree
10º- The Seed
Já tinha falado de The Seed na mesagem anterior e como é tarde vou colocar o que já escrevi. "A segunda "The Seed" é um hino à nossa terra mãe, no momento em que os jovens estão a chamar à atenção para os problemas climáticos. O vídeo faz alusões às greves estudantis e à Greta Thunberg."
The Seed
11º- Mothership
"Mothership" é o final do álbum. É a faixa nº 11 que começa como acaba "A Different Kind Of Human" e é a subida para a Nave Mãe. As palavras "Omega hai foleet, Omega hai foleet, Omega Toneca, Omega for let in" dão a sensação que ela faz uma mistura de dialetos e de linguagens. Omega é a última letra do alfabeto grego, relatando o fim, o fim da viagem e o começo de outra... "For let in". "Foleet" parece ser uma folha em escandinavo.
Mothership
Está aqui o meu relato pessoal de "A Different Kind Of Human (step2)". Estou à espera de o receber pelo correio. Além das pessoas que se vão demasiado cedo, que segundo ela são pessoas puras, porque não viveram o suficiente e a morte lhes bateu à porta, também pode definir uma forma de estar no mundo. Uma forma de estar que se destaca pelo bem ao invés do mal. Protelar pelo correto, pela visão de um mundo que atualmente precisa de todos nós e sobretudo de uma maior comunhão entre os seres vivos. "Hello Humans" diz ela! Quebrar as barreiras que destroem e olhar com cores de liberdade. Liberdade que se intua dentro das mentes de cada um. Temos de ser "A Different Kind Of Human" para o nosso bem. "Mothership is waiting for us!"
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